Com dramas fortes e realistas, Sob Pressão é a melhor produção atual da Globo

“O nosso erro não é como o erro de todo mundo. O nosso erro pode ser a morte de uma pessoa”, filosofa Evandro (Julio Andrade), justificando o estrago que uma falha médica pode causar. Com essa frase, o protagonista de Sob Pressão deixa claro que a segunda temporada da série vai muito além dos problemas de saúde e enfoca, também, os dilemas pessoais dos profissionais que circulam pelo fictício hospital Luis Carlos Macedo.

A nova temporada aprofunda os dramas dos personagens e mostra a força de narrativas mais curtas, que começam e se encerram sem delongas. Não há espaço para barrigas e histórias desnecessárias. Tudo ali é retratado de maneira seca, rápida e interessante.

Os dramas dos pacientes misturam-se aos dos médicos, o que dá profundidade às histórias pessoais de cada um deles. Como exemplo, a culpa de Evandro por ter negligenciado o atendimento a uma mulher, que logo depois morreu.
Ou ainda Carolina (Marjorie Estiano) que, mesmo machucada depois de sofrer um acidente de ônibus, prestou atendimento aos feridos, ignorando os riscos à sua própria vida em meio às ferragens do veículo que estava prestes a explodir.

Sob Pressão é boa porque transborda o simples entretenimento ao expor a chaga da saúde pública no Brasil através do caos que assola nossos hospitais. É atual ao abrir espaço para escancarar a corrupção sistêmica que ronda as instituições e corrompe a (quase) todos. Daí a importância da entrada de Renata (Fernanda Torres) na segunda temporada da história.

No elenco, destaque também para Marjorie Estiano, que deixa evidente a sensibilidade de sua personagem, e Julio Andrade. A escolha de um elenco protagonista pouco badalado mostrou-se acertada por priorizar a capacidade cênica e a entrega dos atores aos seus personagens. Quem ganha é o público, brindado com atuações convincentes.

Leia mais.