Poemas e contos apavorantes de Vinicius de Moraes inspiram série de terror

Vinicius de Moraes, poucos sabem, era um fã de filmes de terror. Em críticas de cinema que publicou em periódicos dos anos 1940, hoje reunidas em seu site oficial, é só elogios para produções como “Máscara de Fogo”, “Os Mortos Falam”, “A Dama e o Monstro”, “Frankenstein” —o último, escreve o poeta, dono de uma das mais belas cenas já realizadas na história.

Sete desses escritos, produzidos entre os anos 1930 e 1950 e mapeados pela produtora A Fábrica, inspiram a série “Noturnos”, com previsão de estreia no segundo semestre no Canal Brasil.

Entediados, os atores começam a contar histórias de assombração uns aos outros, sentados em volta de uma goteira.

É aí que os textos ganham vida e ocupam a tela, com os próprios membros da trupe, vividos por nomes como Ícaro Silva, Thaia Perez, Rafael Losso e Andrea Marquee, se revezando entre os papéis.

Uma outra camada do Brasil contemporâneo se infiltra na trama principal. Num dos episódios, um casal de estranhos ajuda um dos atores da companhia, que havia se perdido no temporal, a voltar ao teatro.
Conservadores e avessos ao universo artístico, eles protagonizam uma série de embates com o grupo. Até que decidem entrar na brincadeira de contação de histórias.

Como o casal não está familiarizado com o grupo, este é o único episódio que tem atores de fora da companhia fictícia. No caso, Marjorie Estiano, que havia trabalhado com Dutra em “As Boas Maneiras” e afirma ter entrado em contato com essa produção alternativa de Vinicius pela primeira vez.

Vivendo uma espécie de garota de Ipanema fantasmagórica, de pele muito branca e biquíni e quimono vermelhos, ela seduz o típico macho alfa Anderson de Bruno Bellarmino. “Ele não consegue enquadrar aquela mulher nos padrões que criou”, diz Estiano, sobre sua misteriosa femme fatale.