PORTUGAL: ENTREVISTA A MARJORIE ESTIANO- “O FANTÁSTICO TE LIBERTA DE MUITAS REGRAS”

O próprio nome já cria uma unicidade. Marjorie Estiano. O apelido, que não vem na certidão de nascimento, é uma homenagem ao avô paterno, que não conheceu. É, aos 37 anos, uma atriz que não deixa nenhum papel escapar da memória de quem vê, um dom, num tempo preenchido pelo efémero e superficial. A carreira, com pouco mais de uma década, está recheada de mulheres diferentes. Marjorie, como o seu Brasil, tem mil faces e citando um verso de um poema de Adélia Prado, Com Licença Poética, “Mulher é desdobrável. Eu sou”, assim é ela. Nada óbvia, aí reside o encanto. A atriz esteve em Lisboa a convite da Embaixada do Brasil em Portugal para estar presente na exibição do filme “As Boas Maneiras”, incluído na 2.ª Mostra de Cinema do Brasil, que decorreu no São Jorge. Um filme pelo qual tem uma paixão imensa. E falamos com ela.

Marjorie, a atriz. Que foi Laura, Manuela, Bibiana, Marina, Maria Paula, Cora, Beatriz, Carolina, Emília, Milene, Giovanna, Natacha, a Tônia, a Mariana de Ligações Perigosas, um dos meus filmes e livros preferidos. São mulheres que não se esquecem. Como consegue compor mulheres tão diferentes, que torna em extremamente reais, credíveis? Todas estavam em si? Qual o seu método?

O meu processo de construção das personagens é o resultado de uma composição de vários elementos. Tem algo comum em cada processo e tem suas particularidades de acordo com cada personagem e obra. O roteiro é a base e o processo de pesquisa varia. Muitas vezes se vale de imagens, pinturas, fotografias, esculturas, exercícios práticos de investigação, discussão… tem uma parte intelectual e uma parte física de investigação. Muitas coisas são entendidas através da experiência e ocupam um espaço muito próprio e sensorial. Os olhos entendem de uma forma diferente da palavra e é assim com todos os sentidos que se somam em um novo registro de códigos, que contribuem para o entendimento e composição da personagem.

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